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Pesquisa: estudante brasileiro tem dificuldade em compreender finanças
A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) se debruçou na questão das finanças em relação àqueles que são considerados “o futuro”: os jovens. A esperança na juventude é comum, mas só faz sentido se vier junto
com um cuidado e uma formação no presente. Pensando no presente, uma pesquisa recente do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA, sigla em inglês) dedicou-se avaliar a compreensão financeira entre estudantes pelo mundo.
O Brasil estava entre os 15 países analisados nesse programa e ficou em último no ranking apresentado. Segundo o relatório, nosso país tem a média mais baixa, já que cerca de 53% dos alunos não atingiram o nível básico de
conhecimentos financeiros, ficando atrás do Peru (48%) e Chile (38%). As quatro províncias da China analisadas – Pequim, Xangai, Jiangsu e Cantão – tiveram a melhor média, com 9%.
Para chegar nesses números, o relatório associou a habilidade financeira dos alunos ao desejo de terem maior formação acadêmica ou à intenção de economizar antes de se endividarem. O PISA mostrou que os estudantes estão longe de
atingir um mínimo de compreensão financeira, até mesmo em países e economias como Austrália, Itália, Holanda, Polônia e Estados Unidos.
Detalhando
Entre os entrevistados, concluiu-se que 3% dos estudantes brasileiros e chilenos e 1% dos peruanos demonstraram “rendimento de destaque” em competência financeira, o que significa saber “analisar produtos financeiros complexos” e
“resolver problemas financeiros não rotineiros”. Em relação ao gênero, os meninos e as meninas dos três países latino-americanos apresentam o mesmo nível médio de rendimento em compreensão financeira.
A pesquisa indicou que a camada socioeconômica, no entanto, tem peso determinante no conhecimento financeiro, já que os jovens das classes mais favorecidas obtêm avaliações mais altas que a dos alunos com menos condições. A diferença
é menor no Brasil (78 pontos) do que no Chile (103) e no Peru (117). Dentre os três países analisados, o Brasil foi quem apostou há mais tempo pela educação financeira formal integrada nos sistemas de ensino.
Isso porque o governo brasileiro implementou no período 2010-2011 um projeto piloto em 800 escolas secundárias de seis estados, cujos alunos responderam com uma média mais alta de compreensão financeira que se refletiu em uma maior
tendência à economia do que seus pares que não passarampelo programa experimental.
A pesquisa concluiu que é importante incluir as habilidades financeiras nas políticas públicas, pois os jovens tomam decisões muito cedo, que terão consequências financeiras no longo prazo. O relatório sugere também que é preciso
analisar as necessidades dos estudantes com baixo rendimento e abordar as desigualdades socioeconômicas de forma precoce, entre outros aspectos.
Fonte: Terra