Jovens brasileiros: o desafio dos “nem-nem”

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O número de jovens entre 15 e 29 anos que nem estudam nem trabalham, os chamados “nem-nem”, é, atualmente, de 10,3 milhões de brasileiros, o equivalente a 21,2% da população dessa faixa etária. Esse é o menor número da série histórica apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2012. O pico foi em 2020, com 28,03%.

Os dados fazem parte da Síntese de Indicadores Sociais divulgada pelo IBGE. Segundo o instituto, o aquecimento do mercado de trabalho e o aumento do número de jovens nas escolas no período pós-pandemia explicam boa parte do resultado, mas não são os únicos fatores. Diversos elementos contribuem para ter mais ou menos jovens nesta situação.

Um deles é a desigualdade social. Jovens de famílias com menor renda e escolaridade têm maior probabilidade de se tornarem “nem-nem”. Outro motivo é a baixa qualidade do ensino básico e médio, que dificulta a transição para o ensino superior e o mercado de trabalho. Muitos jovens abandonam os estudos por não conseguirem acompanhar o ritmo ou por desmotivação.

Políticas públicas em andamento

Na tentativa de superar esses desafios, estão sendo implementadas novas políticas públicas para alunos de ensino médio, oriundos de camadas mais vulneráveis da população, como é o caso do programa Pé-de-Meia, um incentivo financeiro do Ministério da Educação de até R$ 9,2 mil em um formato de “poupança” para que alunos de famílias inscritas no Cadastro Único concluam o ensino médio.

Para ter acesso ao programa, o jovem deve ter um CPF; estar inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico); estar matriculado no início do ano letivo;
alcançar frequência escolar de pelo menos 80% das horas letivas e participar do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

No Estado de São Paulo, outra iniciativa recente é o BEEM (Bolsa Estágio Ensino Médio), voltado para jovens estudantes do Ensino Médio das escolas da rede estadual, que terão oportunidade de trabalhar e receber uma bolsa de R$ 650,00 a R$ 1.000,00. O objetivo principal do programa é inserir os alunos do Ensino Médio no mercado de trabalho e combater a evasão escolar.

Por que é importante dar atenção 

As consequências do fenômeno “nem-nem” são diversas e podem afetar não apenas os jovens, mas toda a sociedade:

– O país deixa de aproveitar o potencial de uma grande parcela da população, comprometendo o crescimento econômico.

– A concentração de renda e oportunidades aumenta, aprofundando as diferenças entre os grupos sociais.

– Os jovens “nem-nem” estão mais suscetíveis à violência, criminalidade e dependência de drogas.

– A ausência de experiência profissional e qualificação dificulta a entrada no mercado de trabalho no futuro.

Caminhos possíveis para superação

Para superar esse desafio, é necessário um conjunto de medidas que abrangem diferentes áreas:

– Investir em educação de qualidade, com foco no desenvolvimento de habilidades para o mundo do trabalho.

– Oferecer cursos e programas de qualificação profissional para jovens, adaptados às demandas do mercado de trabalho.

– Apoiar a criação de pequenas empresas e cooperativas, oferecendo orientação e financiamento.

– Implementar políticas que facilitem a inserção de jovens no mercado de trabalho, como cotas para jovens em empresas e estágios.

– Garantir assistência para jovens em situação de vulnerabilidade, com foco na inclusão social e no desenvolvimento de competências.

Entender o problema e dar-lhe a devida atenção – tanto por parte do governo como da sociedade civil e das empresas – são caminhos para encontrar soluções efetivas não só para um futuro melhor para os jovens brasileiros como para toda a sociedade.

Com informações de Feac, Exame, Extra e Futura

 

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