A tecnologia não apenas melhorou nossas vidas; também as estendeu consideravelmente. Durante a maior parte da história, os humanos viveram cerca de 25 anos. A aceleração real surgiu na virada do século 20, quando tudo, desde a criação de antibióticos à implementação de melhor saneamento para aumentar a disponibilidade de água potável, e a capacidade de enfrentar o câncer e doenças cardíacas, nos fez viver rotineiramente até os 80 anos. Mas muitos cientistas acreditam que não vamos parar por aí.

A convergência tecnológica está alimentando essa convicção. A intersecção de inteligência artificial, computação em nuvem, redes, sensores, robótica, grandes conjuntos de dados, biotecnologia e nanotecnologia está mirando diretamente nos limites da vida humana.

Do ponto de vista macroscópico, os pesquisadores agora sabem que existem nove causas principais de envelhecimento, que vão desde a exaustão de células-tronco até a mutação epigenética e o desgaste de telômeros. O espaço da longevidade está explodindo e em direções muito particulares. Há uma infinidade de pesquisadores e pelo menos duas a três empresas sérias trabalhando em cada uma dessas questões.

Alguns parecem exatamente como ficção científica. Veja, por exemplo, as peças de reposição impressas em 3-D. Elas devem começar a chegar ao mercado em 2023. Especialistas estão começando a discutir que, até 2028, mais ou menos, a morte por falência de órgãos pode se tornar um problema a ser gerenciado, e não um triste fato da vida.

Samumed é outro exemplo de ficção científica. Tecnicamente, essa empresa de biociência de San Diego, nos Estados Unidos, está desenvolvendo tratamentos voltados para a via de sinalização Wnt, que desempenha um papel importante na comunicação com células-tronco. Em linguagem menos técnica, quando a sinalização Wnt dá errado, o resultado são 20 doenças diferentes do envelhecimento.

Notavelmente, Samumed está fazendo um grande progresso na luta contra o câncer, com drogas que visam, literalmente, todo tipo de tumor. Em um estudo muito pequeno e muito tentador, um tratamento de três doses interrompeu completamente o câncer de pâncreas.

Uma abordagem diferente baseada em células-tronco está sendo pioneira na Celularity, uma empresa fundada pelo pioneiro em células-tronco Robert Hariri. As experiências de Hariri demonstram que as células-tronco derivadas da placenta em animais podem prolongar a vida útil em 30% a 40%. A empresa está agora trabalhando para viabilizar essa abordagem em humanos, aproveitando a incrível capacidade das células-tronco de amplificar a capacidade do organismo de combater doenças e curar-se.

Além das doenças relacionadas ao envelhecimento, os pesquisadores estão fazendo o progresso mais extraordinário no esforço de curar doenças herdadas. Das quase 50.000 doenças genéticas, mutações únicas no DNA causam cerca de 32.000. Este ano, vimos a tecnologia, que nos permite atingir locais precisos no código do gene e, em seguida, reescrever o DNA, apagar a anemia falciforme. Isso não significa que eles trataram a doença. Ela foi apagada para sempre. Editada fora do código.

Mas exatamente a mesma tecnologia pode ser usada em quase todas as outras doenças mutantes. É uma tecnologia e 32.000 doenças apagadas para sempre.

O que tudo isso acrescenta? Bem, o chefe de engenharia do Google, o inovador e futurista Ray Kurzweil, frequentemente discute o conceito de “velocidade de escape da longevidade” ou o ponto em que a ciência pode prolongar sua vida por mais de um ano em todos os anos em que você está vivo. Por mais distante que pareça, segundo Kurzweil, estamos muito mais perto do que você poderia esperar. “É provável que estejamos apenas a mais 10 a 12 anos do ponto em que o público em geral atingirá a velocidade de escape da longevidade.”

E mesmo se Kurzweil estiver fora daqui a uma década ou duas, nesse meio tempo, a possibilidade é de que 100 anos se tornem os novos 60. Bem, isso não soa muito como ficção científica, afinal.

Por Peter Diamandis e Steven Kotler – co-autores de ” O futuro é mais rápido do que você pensa “. Fonte: We are nearing ‘longevity escape velocity’ — where science can extend your life for more than a year for every year you are alive