É possível guardar dinheiro para a aposentadoria em meio à pandemia?

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Artigo de Herbert Andrade, diretor-gerente da Fundação Itaúsa Industrial

Nos últimos seis meses, nosso cotidiano vem sendo bem diferente do que estávamos acostumados. A pandemia do coronavírus levou o ambiente de trabalho para dentro da casa de muitas pessoas e as opções de lazer e convívio social praticamente desapareceram. Com circulação restrita, passamos a viver com menos e eliminamos gastos em nosso dia a dia.

Por outro lado, a renda das famílias também foi afetada. Uma pesquisa do Instituto Datafolha feita em agosto indicou que 46% dos brasileiros tiveram redução de rendimentos após a chegada da Covid-19.

Com esse cenário de instabilidade, é possível manter o foco no futuro e guardar dinheiro para a aposentadoria? Tenho debatido muito este tema, até em função de minha atividade como responsável pela gestão de planos de benefícios de previdência complementar.

Acredito que toda crise também abre oportunidades para repensar hábitos e atitudes. E este momento pode estar provocando nas pessoas transformações positivas na forma de lidar com o orçamento. Desta vez, parece que as pessoas estão mais atentas ao futuro e preocupadas em economizar.

Um indicativo disso é que desde março as captações na caderneta de poupança vêm registrando resultados mensais históricos. Em julho, a entrada líquida foi de R$ 27,144 bilhões e os depósitos superaram os saques em R$ 22,363 bilhões.

Como parte dessa reflexão e buscando auxiliar quem quer guardar dinheiro para a aposentadoria, promovemos recentemente uma live com a consultora de educação financeira pessoal Luciana Pavan para debater o tema (a íntegra do bate-papo está disponível na página da Fundação Itaúsa Industrial).

Ela destacou que sempre é tempo de começar a economizar e que, em seu trabalho, tem notado que as pessoas se surpreenderam com o quanto gastavam com lazer e que passou a sobrar na conta. Mesmo com juros baixos, é melhor ter o dinheiro na caderneta de poupança – que é “a porta de entrada” para quem começa a fazer uma reserva – do que não poupar, disse ela.

Na nossa conversa, a consultora apontou os maiores erros que as pessoas cometem ao lidar com as finanças pessoais. O primeiro e mais importante é a falta de consciência financeira. Para Luciana, é muito comum não se ter controle de quanto se ganha e gasta. Ao começar a fazer um acompanhamento, ficam surpresas com quanto estão despendendo com alimentação, a “campeã de susto”.

Outra cilada para a gestão das finanças é gastar por impulso. Para se precaver, é importante reservar uma parte do orçamento, de aproximadamente 20%, para poupar ou solucionar situações de emergência. Em geral, os gastos essenciais consomem metade da renda da família.

O bate-papo com a consultora ainda rendeu ainda dicas para economizar no dia a dia. Uma delas é analisar periodicamente o extrato bancário para verificar se há gastos que possam ser reduzidos ou cortados. É comum colocarmos pagamentos no débito automático e nem nos lembrarmos depois o que estamos pagando. Essa avaliação minuciosa também deve considerar se os gastos fixos – por exemplo com internet e telefonia – não podem ser reduzidos.

Por fim, quero destacar um ponto de nossa conversa que considero um grande estímulo para pensar no futuro e poupar: faça planos e trace as metas para atingi-los. O que você quer ter ou fazer quando se aposentar? Sua meta é empreender? Comprar uma casa de campo ou na praia? Viajar pelo mundo? Quanto de dinheiro vai precisar para fazer isso? É muito mais estimulante investir na aposentadoria quando se tem um objetivo definido.

Mas, como a live está no ar e tem muito mais orientações valiosas sobre o assunto, convido vocês a assistirem e a mandarem seus comentários. Vários internautas se mostraram positivamente surpresos com as contribuições objetivas que esse diálogo trouxe para quem está de olho na aposentadoria, apesar do momento econômico difícil.

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