Viver Melhor
Aposentados voltam ao trabalho para suprir lacunas de profissionais qualificados
O mercado de trabalho global enfrenta um paradoxo: enquanto a longevidade aumenta, a população em idade ativa diminui. Essa realidade, impulsionada pela crise demográfica, está forçando nações desenvolvidas a buscarem ativamente seus aposentados, em função da mudança que transforma a escassez de empregos em uma escassez de trabalhadores.
A Alemanha é um exemplo notório. Enfrentando uma das mais severas transições demográficas da Europa, o governo alemão propôs o “plano de pensão ativa” em 2023. A iniciativa visa incentivar o retorno de profissionais sêniores, oferecendo até 2.000 euros (cerca de 12 mil reais) por mês de rendimentos isentos de imposto. A política, inspirada por modelos como o da Grécia, busca reter o valioso know-how e suprir a crescente falta de mão de obra qualificada.
O desafio, contudo, não é isolado. A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) classifica o envelhecimento populacional como uma “megatendência esquecida” que, se não endereçada, pode desacelerar o crescimento do PIB per capita em cerca de 40% na zona OCDE até 2060.
Riscos e desafios da desaposentadoria
Apesar da necessidade econômica, o movimento de “desaposentadoria” carrega riscos. O principal desafio político e social na Alemanha é o potencial de penalizar a contratação de jovens, caso as empresas priorizem a retenção de funcionários mais experientes e com folhas de pagamento adaptadas. No plano individual, questões de saúde, ergonomia e a garantia dos direitos trabalhistas dos profissionais mais velhos requerem atenção especial dos formuladores de políticas.
O efeito no Brasil
O Brasil, embora em um contexto diferente, não está imune a essa tendência. Com a taxa de desemprego baixa, o país vive o paradoxo da escassez de mão de obra qualificada em setores-chave como TI, logística, comércio e construção civil. O capital humano tornou-se o principal diferencial competitivo para as empresas.
A necessidade brasileira de reter talentos experientes e requalificar a força de trabalho aponta para um futuro onde a experiência sênior, remunerada e flexível, será cada vez mais essencial para o crescimento nacional.


