Jogo é sorte, investimento é planejamento: o alerta da Fundação Itaúsa sobre a armadilha das apostas on-line

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Herbert de Souza Andrade
Diretor Geral na Fundação Itaúsa Industrial

 

Por que um fundo de pensão, uma instituição voltada para o planejamento financeiro de longo prazo, se preocupa em falar sobre apostas on-line? A resposta é simples e alarmante: porque milhões de brasileiros estão confundindo sorte com planejamento, e o que parece uma diversão inocente pode se tornar um caminho destrutivo para o futuro financeiro e emocional.

Recentemente, a pesquisa “Raio X do Investidor Brasileiro” da Anbima revelou dados preocupantes: 15% dos brasileiros com mais de 16 anos apostaram em 2024. O mais grave é que 4 milhões deles enxergam as apostas como um investimento financeiro. Esse dado soou um alerta vermelho para nós. Não podemos ignorar essa realidade, pois ela atinge o coração da nossa missão: ajudar as pessoas a construírem um pós-carreira mais seguro, tranquilo e longevo.

Apostar e investir são conceitos completamente diferentes. Aposta é sorte, um evento fora do nosso controle, onde a chance de perda é sempre alta. Investimento, por outro lado, é planejamento, disciplina e consistência, com o objetivo de construir patrimônio ao longo do tempo. Um plano de previdência privada, por exemplo, é uma ferramenta de investimento que, com regularidade e disciplina, recompensa você no futuro, garantindo uma fonte de renda na aposentadoria.

A ilusão de que as apostas são um atalho para a riqueza é perigosa. Estudos mostram que R$ 23,9 bilhões foram perdidos por brasileiros em apostas esportivas em apenas um ano. E o impacto vai muito além do dinheiro: 58% dos apostadores admitiram ter dívidas em atraso e 52% deles têm renda de até dois salários mínimos, indicando que os mais vulneráveis são os mais afetados.

A ciência por trás da armadilha

O perigo das apostas online reside na sua aparência inofensiva. Elas se apresentam como um passatempo, mas utilizam estratégias psicológicas sofisticadas para nos prender. A ciência explica esse mecanismo: cada vitória, ou até mesmo a expectativa de uma vitória, libera dopamina no cérebro, o neurotransmissor do prazer. Essa sensação é tão poderosa que o cérebro passa a buscar a repetição, transformando o hábito em uma compulsão, a chamada ludopatia, reconhecida pela OMS como uma doença.

O vício em jogos de azar não depende de substâncias químicas, mas se ancora nos mesmos circuitos cerebrais do vício em drogas. A pessoa com transtorno do jogo pode ter uma vontade irresistível de apostar, gastar mais do que pode, mentir sobre as perdas e até comprometer o dinheiro do aluguel ou da alimentação para tentar recuperar o que já foi perdido. Esse é o ciclo do desespero, que destrói não apenas as finanças, mas também a saúde mental, os relacionamentos e a vida profissional.

Desmascarando a ilusão e buscando o controle

As apostas on-line, impulsionadas por anúncios de influenciadores digitais que ostentam uma riqueza irreal, são uma promessa vazia. Enquanto alguns parecem ter sorte, a maioria silenciosa enfrenta perdas e o risco de um vício que pode ser devastador. É fundamental desmascarar essa ilusão e reconhecer os jogos de azar pelo que realmente são: mecanismos projetados para manter o jogador apostando, drenando seus recursos.

Se você ou alguém que você conhece está nessa situação, saiba que existe ajuda profissional. Buscar terapia cognitivo-comportamental, contar com o apoio da família e manter um planejamento financeiro são passos importantes para quebrar esse ciclo.

Nossa missão como fundo de pensão é proteger o futuro dos nossos participantes, e isso inclui alertar sobre os riscos que podem comprometer esse futuro. Jogo é sorte e investimento é planejamento. Ficar no controle das suas finanças e construir um futuro seguro é a verdadeira aposta vencedora. E você, qual caminho vai escolher?

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