Interior de SP registra crescimento de idosos no mercado de trabalho

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A participação de trabalhadores com 60 anos ou mais no mercado de trabalho do interior de São Paulo tem apresentado um crescimento significativo nos últimos anos. Dados recentes da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) revelam que o percentual de idosos ocupados saltou de 5,9% em 2014 para expressivos 8,3% em 2023. Esse avanço demonstra uma mudança no perfil da força de trabalho na região, impulsionada pela longevidade e por fatores econômicos.

O levantamento da Seade indica um aumento de 800 mil pessoas idosas no mercado de trabalho do interior paulista. Em 2014, 1,4 milhão de idosos possuíam alguma ocupação, número que ascendeu para 2,2 milhões em 2023. O setor de serviços se destaca como o principal empregador dessa faixa etária, absorvendo 55,6% dos trabalhadores com mais de 60 anos. Outros setores relevantes incluem a indústria (14,5%), a construção (11,2%), a agricultura (11%) e o comércio (10,8%). Atualmente, cerca de 25% dos idosos residentes no interior do estado exercem alguma atividade profissional.

Apesar do aumento no número total de idosos trabalhando, a pesquisa aponta para uma sutil, porém relevante, diminuição na proporção de empregos formais com carteira assinada. Essa taxa recuou de 32% para 30% entre 2014 e 2023, enquanto as ocupações informais cresceram de 68,0% para 69,5%. Essa tendência sugere uma crescente busca ou pressão por alternativas de trabalho menos estáveis por parte dos idosos.

Em entrevista ao G1, a economista da PUC-Campinas, Eliane Navarro Rosandiski, explicou que a maior presença de idosos no mercado de trabalho paulista está intrinsecamente ligada ao aumento da longevidade da população. Com a expectativa de vida em ascensão, muitos indivíduos optam por permanecer ativos por mais tempo. Outro fator crucial é a economia doméstica, onde a necessidade de subsistência ou a complementação da renda familiar se torna um motor para a busca por ocupação. “Essas pessoas que, aos 50 muitas vezes já estão saindo do mercado de trabalho formal, estão buscando alternativas. Então muitas vão se inserir em atividades de serviços, em atividades de comércio”, disse a economista.

Contudo, a inserção dos idosos no mercado de trabalho não está isenta de desafios. A pesquisa da Seade também evidencia que muitos enfrentam o etarismo, com uma redução nas ofertas de vagas direcionadas a essa faixa etária. A perda de renda decorrente da aposentadoria intensifica a necessidade de trabalhar, mas as oportunidades formais podem ser limitadas.

As projeções demográficas da Seade indicam uma transformação significativa para o futuro. Estima-se que, em 2035, a população com mais de 65 anos superará o número de crianças e adolescentes com menos de 15 anos. Esse cenário reforça a urgência de políticas públicas que incentivem a inclusão e a valorização dos trabalhadores idosos, combatendo a discriminação por idade e promovendo a qualificação profissional.

Embora o aumento da presença de idosos no mercado de trabalho no interior de São Paulo seja um reflexo da maior longevidade e das necessidades econômicas, a diminuição dos empregos formais acende um alerta para a precarização das condições de trabalho. Repensar as estratégias de inserção e garantir oportunidades justas e dignas para essa parcela crescente da população se torna fundamental para um futuro mais equitativo.

A força de trabalho 60+ representa um potencial valioso que não pode ser ignorado. Por outro lado, incentivar a educação financeira e previdenciária desde a infância, poderá contribuir para que as futuras gerações de pessoas idosas possam ter um pós-carreira mais tranquilo.

Com informações do G1 e Instituto Longevidade

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